Eu sou uma decepção. Parecia tão interessante, tão cheia de luz. E agora sou essa criança* que só quer agarrar você e proibir de brincar com os outros amiguinhos. Só meu, não empresto.
[Verônica H.]
Hoje meu corpo tem outras mãos espalhadas, hoje meu caminhar é um convite, hoje meu olhar é uma armadilha, hoje minha lembrança é uma tortura, hoje minha companhia é para poucos, hoje meu cheiro é um abismo, hoje meus dedos são violinos, hoje meu riso é a felicidade, hoje meu plano aceita ser surpreendido. Hoje apenas me permito a certeza do que a incerteza me impõe.
Queria que alguém segurasse minha mão e me dissesse que vai
ficar tudo bem, que eu não preciso me preocupar com o que vem pela frente. Mas
quem vai estar lá por mim? Quem vai me abraçar e me emprestar o guarda-chuva
quando a tempestade vier? Porque eu não agüento mais me sentir sozinha mesmo
estando entre tanta gente. As pessoas vão e se esquecem que te deixaram aqui,
esquessem as promessas feitas e deixam seu coração mesmo sem sair dele. Isso
me deixa tão angustiada, tão perdida e me sinto a menor pessoa do mundo,
vivendo entre julgamentos e rótulos que não são pra mim.
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
Escolher um caminho significava abandonar outros. Tinha uma vida inteira para viver, e sempre pensava que talvez se arrependesse, no futuro, das coisas que queria fazer agora. "Tenho medo de me comprometer", pensou consigo mesma. Queria percorrer todos os caminhos possíveis, e ia acabar não percorrendo nenhum.
(Brida, Paulo Coelho)
terça-feira, 13 de setembro de 2011
Mas eu tenho medo de me perder e não saber
voltar, tenho medo de gostar de não diferenciar a fantasia da realidade. De
virar as costas pro mundo real e viver só o irreal.
“... Ah, essa mulher - precisava sair daqui. Deste planeta que, tão freqüentemente, parece não comportar a sensibilidade.” CFA
Daí penso coisas bobas quando, sentado na janela do ônibus, depois de trabalhar o dia inteiro, encosto a cabeça na vidraça, deixo a paisagem correr, e penso demais em você. Quando não encontro lugar para sentar, o que é mais freqüente, e me deixava irritado, agora não, descobri um jeito engraçado de, mesmo assim, continuar pensando em você. Me seguro naquela barra de ferro, olho através das janelas que, nessa posição, só deixam ver metade do corpo das pessoas pelas calçadas, e procuro nos pés delas aqueles que poderiam ser os seus. (A teus pés, lembro.) E fico tão embalado que chego a me curvar, certo que são mesmo os seus pés parados em alguma parada, alguma esquina. Nunca vejo você — seria, seriam?
É preciso agora concretizar a idéia. Tira-lá dos limites do pensamento, arranca-lá apenas do papel e torna-lá um pedaço de mim, decisão encravada em seu corpo. Não sei como fazer, mas sei que o farei. Hoje, amanhã ou depois, eu o farei.
Eu chorei, implorei, te pedi pra não ir embora da minha
vida. Não seria fácil conseguir acordar sem um motivo pra enfrentar os dias. Perdida,
correria em busca de qualquer coisa que fizesse sentido. Mas você foi e me
deixou ali no quarto, fazendo com que tudo que eu acreditava se tornasse
simples ilusões. Senti-me a menor das criaturas, a mais desamparada e sozinha.
Mal sabia, que uma pessoa pudesse ter tanto poder sobre minha alegria. E você
sugou, sugou-me o último sorriso. Levou os dias felizes e me deixou com os
tristes, as inseguranças que eu havia colocado na gaveta pularam como cães
ferozes, os medos que estavam abandonados agarraram meu pescoço e eu mal podia
respirar.
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
Estou aceitando o fato de que algumas pessoas nasceram para sentir o amor, mas não para viver um.
Desculpa o excesso. De palavras, sentimento, lembranças. Eu sei que canso.
Desculpa a confusão… Ser tanto, ser tantas. Transbordo mesmo. Mas é que meu barco já veio furado. Tive que aprender a nadar em águas profundas. E fiquei assim, densa. Indo sempre ao fundo de mim, de você, dos outros.
Você tem razão, talvez esteja na hora de cair na real e
perceber que você não é a única pessoa no mundo.
Sorrir,
respirar fundo e dizer que não é a primeira vez que isso acontece. Já passei
por situações bem piores e nunca morri, estou aqui
vivinha da silva, pronta pra sofrer outras mil vezes por coisas que jurei serem
eternas.
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
''Demorei muito para acreditar na mais louca e cruel verdade: quem gosta de você vai te tratar bem. Quem gosta de você se importa, quer o melhor, te procura, te liga, te dá satisfação. Quem gosta quer estar junto. Quem gosta demonstra. Quem gosta faz planos. Quem gosta apresenta para a família e amigos. Quem gosta manda uma mensagem bobinha só pra dizer que ama. Quem gosta carrega uma foto sua pra ver quando dá saudade. Quem gosta abraça na hora de dormir. Quem gosta dá um beijo de boa noite e de bom dia. Quem gosta aguenta suas reclamações, sua cólica infernal, suas manhas e manias. Me desculpa, mas não existe medo que seja maior que um sentimento. Não existe timidez que seja mais forte que uma declaração de amor. Não existe distância que deixe uma relação morrer se as duas pessoas querem ficar coladinhas. Não existe estou-dividido-entre-ela-e-você. Quem gosta pode se perder, mas sempre vai saber pra onde quer voltar."
No fim destes dias encontrar você que me sorri, que me abre os braços, que me abençoa e passa a mão na minha cara marcada, na minha cabeça confusa, que me olha no olho e me permite mergulhar no fundo quente da curva do teu ombro. Mergulho no cheiro que não defino, você me embala dentro dos seus braços e você me beija e você me aperta e você me aquieta repetindo que está tudo bem, tudo, tudo bem...
Comecei a imaginar o pior sim, e que culpa eu tenho se possuo quedas por dramas intermináveis. Sou daquele tipinho que vive sofrendo por
antecipação, que se preparam para o pior mesmo quando não passam de dúvidas. Queria
saber agir com naturalidade e não passar o dia todo imaginando mil coisas que
podem acontecer. Eu enlouqueço a mim mesma, me deixo com os nervos a flor da
pele sem ao menos dizer uma palavra, tenho sonhos mirabolantes e por mais que
uma hora eu esqueça, meu inconsciente não me deixa um segundo em paz,
maquinando qualquer lembrança que possa me sabotar. Buscando algo que me traga
de volta ao abismo de incertezas. Como eu preciso ser amada, como eu preciso
ser lembrada, eu preciso de sinais e avisos que me salvem dessa insegurança
cotidiana.
Eu até tento compreender e me envolver com as pessoas, mas prefiro a minha companhia. Aliás nunca espero nada de mim mesma.
"Ela não pensava noutra coisa o dia inteiro. Só no amor que sentia."